sexta-feira, 29 de maio de 2009

Façam silêncio.Estou escrevendo.

Só o som da chuva nas plantas.Ao menos dessa vez,um pingo exato não escolheu uma folha em especial para irritar.
Um silêncio estranho.Um pouco do som da televisão ligada na sala.Baixo.Eu posso ouvir o som do modem aqui do meu lado...
Não sei dizer que as coisas machucam mais quando terminam,quando não acontecem ou quando ficam mal explicadas e assim seguem o curso dos dias riscados no calendário.
Há um bom tempo..eu adorava riscar os dias do calendário como números da MegaSena.Foi uma péssima comparação.

É tão claro que não pode ser assim...
Mas é tão claro que não pode ser de outro jeito e se sempre há um final para as coisas eu não posso ver.

Minha vida volta ao ínicio.Estou em um momento de reflexão quase mortal,veneno lento,como quando se sabe a hora de parar e não para.

Estou lidando com o que eu vivi aqui.Por opção.Tem gente que pega um saco de lixo e joga todas as memórias e um pouco de cascas de limão.Eu me sinto na obrigação de pensar muito bem no que eu estou fazendo... e isso gerou uma certa pena de não pensar sobre o que eu já fiz.

Minha cabeça dói constantemente há uma semana.Olho para o chão e vejo cartas de baralho.O meu preferido é o Rei de copas.A dama de ouro.E o valete...de espada,óbvio.
Minhas roupas dobradas ainda em cima da cama.Pilhas de papéis na estante.Minha coleção COMPLETA de Shakespeare...

Mas isso não significa nada perto dos dois cachorros que me esperam no quintal de casa.Dos meus amigos que sempre encontram uma forma de falar comigo.Das conversas áté amanhecer.Dos desabafos na faculdade.Das perguntas e troca de idéias.Dos momentos que eu gostaria de ter vivido mais intensamente... porque eu vivo como se tudo fosse eterno,bem lento,sem pressa.
Ultimamente eu tenho pressa.Mas não é por nada.Ainda tenho essa sensação de eternidade...ou falta de noção de morte.Falta de noção de fim.
Eu não vim do pó e não retornarei ao pó.Eu vim da... bom isso não vem ao caso.Mas pro saco do meu pai creio que não voltarei ao morrer.

Algumas mães dizem que ao verem um filho morrer sentem a sensação de uma vontade extrema de te-los de volta ao útero.
Mas não vou começar com essas conversas...

A questão não é morrer.Nem perder.A questão é ganhar e viver.Eu e minha vontade acima de tudo de tornar tudo mórbido.

Percebo que coloquei uma música e essa musica acabou faz tempo.
Percebo que eu dancei em um ritmo fora de tempo.
Percebo que no fundo eu nunca percebi nada...

E sigo assim.
Ou tudo.
Ou nada.
Mas só uma pessoa quebra as minhas regras sem sequer pedir autorização.Mas se vocês soubessem o mal que minhas próprias regras me causam ...entenderiam o bem que a pessoa faz ao quebrá-las.