sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Café com pólvora

Eu te daria uma boa razão para se importar? enquanto as janelas são quebradas ao redor,todas as janelas apedrejadas... o barulho é enlouquecedor.Mas pinto uma nova paisagem na tela em branco."Siga em frente..." diz a placa em direção ao abismo dentro de mim.Eu preciso evitar cair dentro de mim mesma.E mais ainda evitar que alguém se machuque.

Toda a claridade entrando na casa,todo o barulho de cacos de vidro,eles gritam lá fora,para que eu saia,para que eu saia.Então o silêncio toma conta.Talvez eu esteja morta.Talvez eu já estivesse morta há muito tempo.
Mas eu poderia te dar uma razão para me perdoar... algumas pessoas nascem assim,vazias.E cheias de coisas para contar,cheias de boas coisas para indicar,cheias de boas intenções,quase cansadas de tanto carregar o melhor que pode e distribuir para o mundo.
Mas são vazias.
Sozinhas.
Um preto e branco sem delinear a alma.
Quase turvo,sem foco.

Não sei quem inventou a expressão de estar com o coração nas mãos,com o coração em pedaços.Não sinto nada em meu peito.Apenas uma batida acelerada,inquieta,mas meu estômago sente muito mais.Talvez eu ame pelo estômago e isso nada relacionado á gastronomia.Talvez eu odeie pelo estômago e nada relacionado á comer algo péssimo.

Enquanto minha cabeça gira e gira e gira um pouco mais.A minha sobriedade insana é praticamente a falta de sobriedade que as pessoas procuram em opções alternativas.

E imagino quantas pessoas jovens fizeram muito.Fizeram muito pelos outros,fizeram muitos textos eternos,fotos magnpificas,músicas quase como morfina,porém morreram assim,jovens.

Enquanto eu ainda faço traços vagos na mesma tela ... o que eu quero desenhar? eu me sinto tão cansada de brincar com isso.
Amei muito.
Eu juro.Amei muito.Amei família,amigos,amores,meus bichinhos de estimação,muito mais que estimação,quase ídolos...por sua inocência em questão.O olhar do meu cachorro reprovando algo...

Êu não vou pedir para que alguém me dê uma razão para continuar.Apenas porque todas as vezes que eu quero desistir,como se fosse uma punição pelos meus pensamentos,eu perco alguma coisa que acaba me fazendo ficar.Eu não sei se eu sou o corpo de uma garota andando por aí sem alma.Ou a alma de uma garota vagando por aí... não sem corpo,seria assustador.

Sou um fantasma.Uma sombra.Um ratro.Uma marca.

Mas cansada.Cansada de brincar com meus lápis de cor..e o vermelho e o azul sempre acabam primeiro mesmo eu gostando de pintar tudo de verde.

Eu tento encontrar aquela menina,que conseguia passar de todas as fases em algum jogo de video game.Que sonhava com a próxima chuva de granizo.Que sentia medo quando a mãe demorava mais do que o normal para voltar do mercado ou do banco,e que esperava o pai chegar de bom humor em casa para jogar com ela.
Eu tento encontrar aquela menina,que não soluçava na frente de um computador em público quase em carne viva,completamente exposta.
Ainda queria encontrar aquela menina que sentia medo de assistir Scooby Doo sozinha.Que passava a noite olhando as estrelas na janela.

Mas quando eu quase consigo encontra-la... ela parece procurar algo na vida que eu nunca encontrei.

Então algumas pessoas..

Apenas nascem assim... procurando,quase que o tempo todo,algo que sabem não existir.

Algumas pessoas nascem assim,vazias.
E todas as pessoas nascem sim,sozinhas.