O Estranho

Ele parecia o homem mais gentil e educado que ela havia conhecido nos longos últimos anos.Para ela,se apaixonar por ele não demoraria mais do que algumas taças de vinho e algumas frases clichês afinal,era apenas uma questão de tempo pois havia gostado dele desde que o viu chegar.
Ou talvez o tédio,a solidão e o vinho.
Mas ele parecia mesmo muito educado e gentil.
Sairam do melhor restaurante da cidade e foram caminhar sem compromisso pelas ruas ao redor.Não havia ninguém,a cidade parecia tão vazia como se nunca houvesse sido habitada,nem de dia,nem em anos... mas o vento era gelado e cortante.Um outono com força de inverno dos países mais frios.Ela sorri.
Ela sente o vento no rosto,mas sente as mãos quentes dele em seu rosto também e em um longo beijo eles se deixam levar pelo vento...

Ele a convida para ir até sua casa...mas ela jamais aceitaria um convite desses de um estranho ainda que ele já não fosse mais tão estranho.Todas as conversas durante a noite,toda a cena de filme no frio,era tarde demais para pensar demais depois de tanto tempo sem confiar em alguém.Por que não confiar nele? e agora? por que não se deixar levar pelo estranho como se deixava sempre levar pelo vento?

Ele lhe deu uma rosa ao entrar em casa.Como se soubesse que ela aceitaria entrar ali ou então uma esperança de que isso pudesse acontece.Talvez,ele a deixasse morrer ali,a rosa,ou então a jogasse pela janela por não ter conquistado a confiança de alguém em uma noite.Mas não.
Ele perguntou: Você confia em mim?
Ela respondeu quase sem voz e bem baixinho: Sim.

Ele vendou seus olhos e a levou para algum lugar da casa.Seu coração batia tão forte de medo e curiosidade que ela pensou que pudesse morrer naquele instante.mas nos próximos segundos ela sentiu seus pulsos sendo amarrados por um pano enquanto sentia os beijos dele no rosto,nos lábios,no pescoço e não dizia nada...ela deu seu voto de confiança...

...continua.