quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Hoje não.

Nem carros,nem pessoa,nem músicas ou bichos exóticos.
O quintal fica todo escuro,mais ainda agora que a luz do quintal vizinho queimou.Meu pai até pensou em trocar mas não era a lâmpada.Sim,a dona da casa vizinha da esquerda ( ou direita olhando de fora) é tia do meu pai.Uma grande _____,mas família é família,e eu,não nasci com esse espírito amoroso...ou então,é porque ela não merece mesmo.

Na verdade ele queria trocar a lâmpada porque eu fico aqui sozinha.Mas não importa se tem luz ou não,hoje ninguém mais se intimida com a claridade,pessoas são assaltadas e morrem em plena luz do dia,vai entender...

Eu pego meu copo azul ,com água, na maior boa vontade.Mas todos sabem que eu odeio muito beber água,não tem gosto de nada,e onde está o corante caramelo?... Abro a porta e ali estão meus dois cachorros extremamente carentes ( ou seria eu tão ausente?).Coloco o copo na mesa junto com o livro que escolhi aqui no quarto,deixo em cima da mesa um travesseiro, um lençol e um pano colorido daqueles de criança(?),pois é...tem gente que não toma vergonha nunca...

Vou lá colocar a rede no lugar,então acomodo tudo o que levei para o quintal...

Não há som,nem ninguém.

Abro o livro mas não consigo me concentrar,aquele dia não sai da minha cabeça,e todas as coisas que eu gostaria de ter feito,que deixei para trás,que desisti antes de terminar...e todas as chances de várias coisas que joguei fora por coisas muito menos significantes...
Mas não me culpo,só me lembro...e tento organizar tudo para começar denovo...

Não há som,menos ainda há alguém..

Não há água no copo,não há pernilongo ( que anula o efeito do lençol)..

Então deito no travesseiro sentindo o pouco vento frio.

Não sinto frio.Não sinto nada.Não há ninguém aqui.

Me leva para casa.Me faz rir...