quarta-feira, 23 de junho de 2010

Minha casa

Escolhi a chave certa.Mas errei na ao coloca-la na porta.
Minhas mãos estavam congeladas demais para me animar em encontrar a outra chave entre tanta,chaves daqui,chaves de lá... nostalgia.
Abri então a porta e estava tudo escuro.Passei apenas algumas horas fora,mas ao ver a casa escura e vazia,tudo se parecia com a cena em que eu não voltava para casa faziam meses.
Caminhei no escuro.Conhecia cada móvel,cada posição de cada porta ou parede e a pouca luz que vinha do vizinho facilitava o que não precisava de ajuda.
Acendi o abajur da sala após deixar minha bolsa no quarto.Me sentei ali no chão ao lado do abajur,olhei em volta e parecia tudo organizado da minha forma.
Minha coleção de mini cactos,meus vários vasos com flores secas,outro lado com flores em tom violeta e azul.
Fiquei ali sentada.Pensando em todas as coisas que se passavam ao redor,portanto me peguei pensando em nada.
Minha mente era uma paz que se eu me permitisse ao mórbido vocabulário,diria que seria semelhante á idéia de morte.Idéia de paz que as pessoas colocaram na minha cabeça como após a morte.Mas como isso é algo que só saberei ao morrer...me deixei levar mais alguns segundo por essa tranquilidade que não sentia há muito tempo.
Ninguém esperava uma ligação minha.Mas todos estariam prontos á me atender caso eu discasse um número aleatório.
Me levantei...abrindo o zíper do casaco,sentindo o vento leve tal como brisa até chegar no quarto.Escolhi uma roupa,escolhi um CD,fui para o banho quente.
Senti a dor do frio pouco antes do quente da água queimar minha mãos extremamente geladas que talvez apenas eu suporte conviver com.
Eu não precisava me preocupar com o horário,com o relógio em sí... apenas as telas em branco esperando para serem pintadas,as roupas para serem finalizadas,fotos a serem tiradas e alguns sets de presente para amigos que eu iria tirar em tal data marcada.Me preocupei por alguns instantes com os acordes certos para o refrão que eu havia mudado na música nova,e no ritmo de uma outra música composta pelo outro guitarrista.Troquei ali no banho algumas palavras da poesia ensaiada.Estava tudo bem.Nada demais para me preocupar.Provas não danificavam meu cérebro a partir do momento em que eu estava estudando o que eu amava.

Me troquei.Abri meu diário na tentativa de escrever algo.Mas tudo o que estava ali não parecia ter a minha letra.Meu cabelo no espelho certamente não era o mesmo que sustentei acima de mim literalmente e não e acima de todos e não parecia ser meu.
Eu apesar de livre.Sem problema algum pendente,não me parecia comigo.
Eu parecia mais uma peça criada para agradar as pessoas ao meu redor então toda aquela sensação de tranquilidade caiu como uma pedra nos meus sonhos.

Eu tinha a vida que as pessoas gostariam de ter,mas tinha o cabelo que meu namorado afirmava ficar bem em mim.Não foi adicionado nenhum novo desenho ao meu corpo contando um pouco da minha história tal como prometi á minha mãe.E essas coisas pequenas,tão pequenas e insignificantes tiveram um peso enorme em quem eu era,e quem eu era?
Mas logo percebi que nenhum desenho ou alguma cor havia feito de mim feliz algum dia a não ser comigo mesma.
Contei minha idade.Cada idade tem seu charme,sim,mas a minha talvez tenha me reduzido ao que sou hoje,certamente,óbvio,mas eu tenho o meu sentido para dizer isso.

Então me dei conta de que minha guitarra completaria 10 anos no meu aniversário.De que a morte de uma pessoa completaria 5 anos no meu anversário e de que a mentira toda que sustentei com um sorriso todo esse tempo completario 23 anos no meu aniversário.

E as pessoas ainda me perguntam ..a razão de eu não querer comemorar esse aniversário?

Olhei ao redor e vi os mesmos livros,os mesmos cds,a memsa coleção de filmes ainda que todos esses fossem crescendo conforme o tempo.Mas eu ainda assistia os mesmos filmes antes de dormir,lia os mesmos prágrafos dos mesmos livros quando estava cansada e dançava conforme ao som das mesmas músicas quando estava sozinha.

Eu era a mesma pessoa então.Pesada em minha consciencia conturbada.

Fechei meu diário.

Não havia nada então a ser escrito que já não estivesse nas páginas anteriores.

Mas senti vontade então de fechar um assunto que começou para mim em 2006.
Faz tanto tempo,não deveria me lembrar como me lembro.
Mas fechei esse assunto apenas porque a idéia que eu tinha disso era a idéia que eu gostaria que não só eu tivesse.
E então vi,mais uma vez... algo que nada significou.

Fechando assim meu texto nesse blog.
Mas não esse blog.